Portfólio da disciplina Educação Comunitária e para a Cidadania do módulo II - Educação Comunitária, Saúde e Cidadania na Escola do curso de especialização "Ética, Valores e Cidadania na Escola" da Universidade de São Paulo.

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Autor: Fernando de Padua Laurentino - Butantã II - Turma D

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

26- Uh-Batuk-Erê: Uma ação de comunidade



A educação tem, entre outros objetivos, ajudar o aluno a tomar consciência de sua identidade. Para tanto é fundamental o desenvolvimento e/ou melhoramento de sua autoestima. A arte tem papel fundamental neste processo na medida em que permite, através da produção artística, a manifestação de subjetividades: emoções, desejos, angústias etc. fundamentais na construção do sujeito.



— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.


Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
(Morte e Vida Severina - Introdução)

É também fundamental o professor e/ou educador valorizar a história pessoal do aluno.Tião Rocha -

"Na escola, nunca era ouvido. Certo dia, enquanto a professora contava uma história sobre reis e rainhas do "era uma vez", o garoto de sete anos levantou a mão e falou: "Professora, eu tenho uma tia que é rainha". E ouviu um "fique quieto, menino". Foi parar na diretoria.

Questionador, ele não entendia por que não estudava a trajetória de realezas como a de sua tia Etelvina, rainha do congado. "E quantas realezas não estão por aí?", pergunta o educador, enquanto olha pela janela as ruas de terra de Araçuaí.

Foi na busca por desvendar a história de sua dinastia que entrou no curso de história -virou professor.Dedicado, chegou a lecionar em um dos colégios da alta sociedade de Belo Horizonte.

Quando seguia o mesmo caminho dos mestres da infância, o aluno Álvaro Prates provocou o primeiro "clarão" depois que, inexplicavelmente, cometeu suicídio. Tião, que conversava com o rapaz horas a fio sobre revoluções e barricadas, não tinha idéia do motivo da morte do garoto de 13 anos.

É capaz que o menino tenha indicado os sinais (ou as "piscadelas"), mas o professor estava entretido demais em dar conta do conteúdo escolar. "Depois já não me interessava mais que os meninos soubessem tudo sobre a burguesia se eu não conhecesse a vida deles." E passou a ensinar e a aprender a partir da sapiência de Álvaros e Etelvinas."

http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/finalistas/2007-tiao.shtml

25- Relações com as comunidades e a potência do trabalho em rede


Contemporaneidade: tempo de paradoxos


O Paradoxo do nosso tempo

Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos...
Temos auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos...
Gastamos mais, mas temos menos...
Compramos mais, mas desfrutamos menos...
Temos casas maiores e famílias menores...
Temos mais conhecimento e menos poder de julgamento...
Temos mais medicina e menos saúde...
Hoje bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma excessiva, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente...
Ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais...
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores...
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com freqüência...
Aprendemos a ganhar a vida, mas não vivemos essa vida...
Fazemos coisas maiores, mas não coisas melhores...
Limpamos o ar, mas poluímos a alma...
Escrevemos mais, mas aprendemos menos...
Planejamos mais, mas realizamos menos...
Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência...
Temos maiores rendimentos, mas menos padrão moral...
Temos avanços na quantidade, mas não na qualidade...
Esses são tempos de refeições rápidas e digestão lenta..
De homens altos e caráter baixo..
De lucros expressivos mas relacionamentos rasos...
Mais lazer, mas menos diversão..
Maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição...
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável e pílulas que fazem tudo: alegrar, aquietar, matar...

Autor desconhecido.

22- Lazer, juventude e esportes

NOVAS PRÁTICAS ESPORTIVAS E DE MANIFESTAÇÃO CULTURAL

O Parkour como atividade esportiva nas grandes cidades

Uma modalidade de prática esportiva que surgiu nas grandes cidades europeias, particularmente na França, na década de 90 é o parkour. "Parkour (por vezes abreviado como PK) ou l'art du déplacement (em português: arte do deslocamento) é uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano." Originário dos grandes centros urbanos o parkour tem como ideia principal "ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras até grades e paredes de concreto — e pode ser praticado em áreas rurais e urbanas."


O hip hop como manifestação cultural e de lazer

Nascido na década de 70 dos guetos de negros de Nova Iorque o hip hop se difundiu no Brasil a partir de São Paulo. Dos tradicionais encontros na rua 24 de Maio e no Metrô São Bento, de onde saíram muitos artistas reconhecidos como Thaíde, DJ Hum, Styllo Selvagem, Região Abissal, Nill (Verbo Pesado), Sérgio Riky, Defh Paul, Mc Jack, Racionais MC's, Doctor MC's, Shary Laine, M.T. Bronks, Rappin Hood, entre outros.

Elementos do hip hop: DJ(Diskey Jockey), rap, Beat Box, MC's, Break Dance e o Grafite.

21- Lazer, cultura e elementos comunitários

A RUA COMO EQUIPAMENTO NÃO ESPECÍFICO DE LAZER


Na realização de uma pesquisa, realizada por mim, em 1997, sobre urbanização de favelas na cidade de Diadema, ficou muito evidente a importância da rua como espaço social e com várias finalidades. Entre estas finalidades se destacou o lazer.
Em comunidades carentes onde a moradia não possibilita um espaço de divertimento, desenvolvimento de habilidades físicas, emocionais, intelectuais etc. a rua se transforma num espaço privilegiado para tal.
Transcrevo parte da pesquisa que trata sobre este assunto:

"Tecnicamente quase não há ruas em Núcleos Habitacionais, o que existem são vielas e travessas. Áreas de trânsito para serem designadas como rua necessitam uma metragem mínima de 6 metros de largura de acordo com a legislação municipal de Diadema, mas não discutimos aqui o espaço público na sua concepção técnica, mas como necessidade e apropriação da mulher e do homem para um uso diferenciado do espaço público e que por isso contem a possibilidade do encontro e da realização das relações humanas. Por isso chamaremos aqui travessas, vielas e todos os espaços de circulação e trânsito nos Núcleos Habitacionais de rua.
Boa parte da vida dos moradores dos Núcleos Habitacionais acontece na rua. Teoricamente a vida aconteceria do lado de dentro das portas, mas a arquitetura das casas dos Núcleos Habitacionais transforma a rua numa extensão da casa. Com lotes geralmente com frentes de 4 metros não há um intervalo lateral entre esses o que significa a quase ausência de janelas laterais no pavimento térreo. Com a construção total do lote mínimo não sobra área para quintal ou espaços que não sejam aqueles funcionalizados e conhecidos de todos: cozinha, sala, quartos e banheiro. Qualquer outra atividade que não se enquadre dentro desses espaços funcionalizados da casa não tem como ser desenvolvida dentro desta. A alternativa então se torna ir para rua.
Por outro lado a morfologia do Núcleo Habitacional cria condições para um maior uso da rua como extensão da casa na medida que elas não excedem, na maioria, 5 metros de largura o que dificulta bastante e repele a passagem de carros. E mesmo que estes entrem no núcleo andam com a velocidade bem reduzida. Em muitas vielas os carros não entram também devido à alta declividade do terreno. Desta maneira as mães não se preocupam tanto em deixar seus filhos bricarem fora de casa e a rua vira quase somente passagem de pedestres.
Como as casas são muito pequenas as pessoas são que “empurradas” para a rua. Não apenas pela necessidade física e psicológica de horizontes abertos, espaço livre etc... Mas também porque inúmeras atividades cotidianas, como dito acima, precisam de algum espaço disponível para sua execução. Muitas vezes não dá para lavar tapetes, consertar a bicicleta ou fazer a massa de cimento para um simples reboco dentro das casas do Núcleo Habitacional por que não há quintal.
A rua é o espaço livre para execução de inúmeras tarefas que precisam de espaço livre. A rua vira assim a extensão da casa. A rua é o quintal, a área de serviço, a garagem etc...
Bem, mas nem todas atividades que deveriam ser executadas em casa e que são feitas na rua são por causa do pequeno espaço interno das residências. Muitas atividades são desenvolvidas na rua exatamente por que lá é possível encontrar o vizinho, o outro. A rua não é só pública pela necessidade física espacial, mas também, e porque não principalmente, pela possibilidade do encontro, da conversa, da partilha, das relações etc..
Outro elemento importante da rua é que ela, muitas vezes, concentra um grande número de lotes com pessoas de uma mesma família. Na definição dos lotes pelos moradores estes procuraram ficarem próximos de familiares e amigos. Portanto o vizinho raramente é um estranho total.
(...) a rua, no Núcleo Habitacional, é um lugar de encontro e desfrute, o lugar de ver e encontrar o vizinho, o amigo, a paquera etc.... E toda essa simultaneidade de tarefas e gente na rua cria uma sensação de festa, de agitação.
E assim vai se ampliando a concepção de morar. As pessoas não moram apenas do portão para dentro mas também na rua, na conversa do botequim, na paquera com o vizinho etc....
Não são raro encontrarmos mulheres conversando nos portões das casas ou fazendo tricô enquanto olham suas crianças brincando.
Onde as pessoas tem poucos recursos para gastos com o essencial (comida, roupas, habitação, etc...) gastar com entretenimento e lazer torna-se raro. Quando a televisão não satisfaz esta necessidade a rua, com certeza, torna-se o local da possibilidade de desfrute das horas vagas sem gastar. Pode-se jogar dominó, bola, baralho ou então apenas conversar sobre o futebol ou novela.
Na cidade moderna o lazer tornou-se um produto. Para ser desfrutado precisa ser pago. Ter condições de lazer na cidade acaba por significar condições de gastar com o que aparentemente é supérfluo, o que não é bem o caso dos moradores do núcleo. Mesmo o lazer popular acabou sendo absorvido como meio de exploração pela sociedade capitalista, sobrando apenas resquícios pontuais que tentam sobreviver.
O lazer, no núcleo, se dá na sociabilidade, nas relações pessoais. As mulheres parecem ser as que mais sentem essa necessidade de ampliar a extensão de morar para além do portão porque são elas que passam mais tempo em casa. E, como dito anteriormente, as casas por serem muito pequenas empurram as pessoas para a rua. O tamanho das casas é suportável para quem trabalha o dia inteiro e fica em casa somente as noites e nos fins-de-semana pode ir para o campo de futebol ou para o boteco jogar bilhar com os amigos. Porém para quem precisar passar o dia inteiro dentro de casa a coisa não é tão simples.

“Eu me sinto sufocada com uma casa em cima da outra”.
(moradora de núcleo)

É da vivência cotidiana na casa que surge a significativa participação das mulheres nas reuniões pela melhoria do núcleo. “São elas, em geral, que mais participam por estarem mais presentes na rotina diária da favela” .

“Quando a gente convoca uma reunião dá mais mulheres, poucos homens. (...) Porque as mulheres costumam cobrar mais, os homens são mais acomodados.(...) Elas passam mais tempo em casa, elas que passam mais os problemas diários da casa. Então, como tem vários problemas me casa, elas sabem tudo o que está acontecendo, elas reclamam mais”.
(Líder comunitário)

As mulheres são as primeiras a sentir a importância do morar no seu sentido mais amplo. A casa satisfaz o estritamente necessário para a sobrevivência da família mas é insuficiente para abranger todas as dimensões, desejos e sonhos humanos. A rua surge como possibilidade de complementar esta ausência, porém, é claro, ela ainda é insuficiente."

18- A valorização da cultura corporal da comunidade no currículo escolar



A tela acima é de Pieter Bruegel, o velho. Chama-se "jogos infantis". Essa obra possui nada mais que 84 tipos de brincadeiras protagonizadas por 250 personagens.
Essa tela foi pintada em 1560 e retrara um recorte da cultura corporal do norte da Europa no século XVI.

À escola fazer também um mapeamento dos jogos e da cultura corporal dos seus alunos. A partir dos textos corporais é facilitada uma leitura da significação de mundo das crianças e jovens. É possível trabalhar o enraizamento de suas identidades e construir um currículo escolar mais justo e baseado na vida dos alunos.

17- Transformações sociais, currículo e cultura



Trecho do filme "Entre os muros da escola". Sala de aula de uma escola no subúrbio parisiense com grande diversidade cultural, com alunos descendentes de imigrantes asiáticos, norte africanos etc.
Neste trecho fica evidente questões relacionadas ao currículo escolar.
A questão da norma "culta" e a coloquial/popular do francês. A questão do uso de determinada forma de linguagem pode levar a seguintes indagações: a que ou a quem serve o uso de determinadas formas de se falar ou se expressar?

A linguagem que o professor usa entre amigos não é a mesma que os alunos usam. Para os alunos é uma forma usada pela burguesia, ou ainda, de homossexuais.

Há ainda, em outro trecho do filme, o questionamento dos alunos a respeito do uso de nomes americanos para os exemplos utilizados na lousa. Quando a maioria dos alunos tem nomes de origem árabe ou africana não faz sentido usar Bill, John, Mack etc.
Fica evidente o choque cultural gerado em sala por conta da constituição multicultural dos alunos e a idéia de cultura como "campo de lutas para validação de significados."

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

14- Cartografia e Representação de Lugares





Trabalho realizado com alunos do 2o. ano do ensino médio.
Objetivo: análise do bairro a partir da sua representação nos mapas de folders de venda de apartamentos entregues em faróis nos fins-de-semana.
Questões colocadas:
a)Quais objetos ou elementos mais se destacam nos mapas? Por que se destacam?
b)Quais objetos ou elementos do bairro que você considera importante e que não aparecem no mapa? Por que será que não aparecem?

A ideia era a promoção do debate a respeito do mapa como reprodução de um sistema de valores e interesses.

13- Educação Geográfica: estudo da cidade

É possível fazer o estudo do vivido na metrópole de São Paulo?

"Como o homem percebe o mundo? É através de seu corpo de seus sentidos que ele constrói e se apropria do espaço e do mundo. O lugar é a porção do espaço apropriável para a vida — apropriada através do corpo — dos sentidos — dos passos de seus moradores, é o bairro é a praça, é a rua, e nesse sentido poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou mesmo a cidade latu sensu a menos que seja a pequena vila ou cidade — vivida/ conhecida/ reconhecida em todos os cantos. Motorista de ônibus, bilheteiros, são conhecidos-reconhecidos como parte da comunidade, cumprimentados como tal, não simples prestadores de serviço. As casas comerciais são mais do que pontos de troca de mercadorias, são também pontos de encontro. É evidente que é possível encontrar isso na metrópole, no nível do bairro, que é o plano do vivido, mas definitivamente, não é o que caracteriza a metrópole.
(...)
Por outro lado a metrópole não é “lugar” ela só pode ser vivida parcialmente, o que nos remeteria a discussão do bairro como o espaço imediato da vida das relações cotidianas mais finas — as relações de vizinhança o ir as compras, o caminhar, o encontro dos conhecidos, o jogo de bola, as brincadeiras, o percurso
reconhecido de uma prática vivida /reconhecida em pequenos atos corriqueiros, e aparentemente sem sentido que criam laços profundos de identidade, habitante-habitante, habitante-lugar. São os lugares que o homem habita dentro da cidade que dizem respeito a seu cotidiano e a seu modo de vida onde se locomove, trabalha,
passeia, flana, isto é pelas formas através das quais o homem se apropria e que vão ganhando o significado dado pelo uso. Trata-se de um espaço palpável — a extensão exterior, o que é exterior a nós, no meio do qual nos deslocamos. Nada também de espaços infinitos. São a rua, a praça, o bairro, — espaços do vivido, apropriados
através do corpo — espaço públicos, divididos entre zonas de veículos e a calçada de pedestres dizem respeito ao passo e a um ritmo que é humano e que pode fugir aquele do tempo da técnica (ou que pode revelá-la em sua amplitude). É também o espaço da casa e dos circuitos de compras dos passeios, etc."

Estraído de CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 17, 18.

10- Democracia e Educação em Direitos Humanos

Dewey (1970), filósofo que desenvolveu uma extensa obra sobre
democracia e educação na primeira metade do século XX, acredita que a escola
pode influenciar o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e por
conseguinte em sua atuação em um contexto sócio-político. Assim, para que a
sociedade democrática possa se manter e para que os indivíduos possam
conviver sob tal ordem, torna-se necessária uma formação específica. Sob esta
perspectiva, o autor associa a democracia a um processo de formação moral:

“Temos de ver que a democracia significa a crença de que deve
prevalecer a cultura humanística; devemos ser francos e claros em nosso
reconhecimento de que a proposição é uma proposição moral, como
qualquer idéia referente a dever ser... A democracia se expressa nas
atividades dos seres humanos e se mede pelas conseqüências
produzidas em suas vidas”. (Dewey, 1970 :212-213).


JOHN DEWEY

Trecho do texto "Democracia na Escola" de Ana Maria Klein disponível em:
http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5C%C3%89tica%20e%20cidadania%5CDemocracia%20na%20escola.pdf

9- Educação Comunitária e Escola


Os alunos podem ser entendidos como sujeito coletivo na medida que se comprometam com a coletividade. Numa perspectiva de mudança social.
Para tanto é importante estabelecer a conexão entre os problemas do entorno da escola com as disciplinas escolares.
Há ainda os contextos educativos como a família, a cidade, o bairro etc.



"Aprender na comunidade, para ela, com ela" Paulo Freire.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

6- Educação comunitária e questão de gênero na escola

A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

LEI MARIA DA PENHA
A introdução da lei diz:

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

— Lei 11.340
PELA IGUALDADE DAS RELAÇÕES ENTRE HOMEM E MULHER
"O desembargador Dorival Renato Pavan, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), concedeu uma liminar em favor de um homem com base na Lei Maria da Penha, que prevê a proteção de mulheres agredidas por homens. A vítima, que está em processo de separação, afirmou sofrer diversas ameaças, agressões físicas e verbais, que o desmoralizariam perante colegas do trabalho e do filho adolescente.
(...)
De acordo com Pavan, foram aplicadas as disposições da Lei Maria da Penha por analogia e isonomia, quando as agressões partem da esposa contra o marido, "sem desconsiderar o fato de que a referida lei é destinada à proteção da mulher diante dos altos índices de violência doméstica em que na grande maioria dos casos é ela a vítima", afirmou o magistrado."
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5358556-EI5030,00-MS+Lei+Maria+da+Penha+protege+homem+que+apanharia+da+mulher.html
publicação: 19/09/2011
acesso: 13/12/2011

5- Protagonismo juvenil e participação escolar

educação: acesso aos bens culturais/ formação política e cidadania

MUSEUM OF TOLERANCE - Los Angeles (EUA)

Há uma cena do filme "Escritores da Liberdade" onde uma professora para fazer os alunos entenderem as consequências últimas da intolerância racial leva seus alunos a um museu. Mas não a qualquer museu. A um museu sobre o holocausto: Museum of Tolerance. O contato com as fotos, objetos e todo material relacionado ao holocausto é impactante para os adolescentes que participavam de gangues de bairro. Estas gangues eram formadas basicamente por grupos etnicos distintos: latinos, vietnamitas, negros etc.
O museu no caso é um bem, um patrimônio cultural fundamental para a compreensão da nossa história e realidade. No caso do filme teve a finalidade de ensinar para que erros históricos não se repitam.
Os bens culturais devem ser parte integrante na construção da formação política e de cidadania dos alunos.

2- Fórum escolar de ética e cidadania





A Escola Estadual Helena kolody, da cidade de Colombro na região metropolitana de Curitiba tem uma rica experiência com Fórum Escolar. A criação do Fórum Escolar surgiu a partir de uma violência cometida contra um ex=-aluno da escola, ou seja, o ato que não estava diretamente relacionada à escola.

Lema das finalidades do fórum: "Sensibilizar, mobilizar, propor e cobrar".

E ideia principal que motivou à criação
"...parar com a violência a partir de atitudes de envolvimento da comunidade"
(...)
"Nós temos que entender que o adolescente, a criança eles precisam ser educados para ver a escola como sua, tomar a escola nas mãos como sua. Isto é muito claro no educador Paulo Freire que a comunidade tem que tomar a escola nas mãos, sentir a escola como parte da sua vida. Isso só através da discussão, da formação(...)"

Fórum
-articular segmentos da comunidade (eixo de atuação: ética, convivência democrática, direitos humanos e inclusão social).

- discutir e gerir administração
- definir temas (trans e interdisc.)
- conseguir recursos
- parcerias

1- A escola e as relações com a comunidade


"As crianças são naturalmente curiosas. Querem aprender. Então, por que não aprendem? A Maria Alice, psicopedagoga por vocação, me contou algo que uma menininha lhe disse: "O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer..." O que é que as crianças querem aprender? Ou, mais precisamente, o que é que o corpo deseja aprender? Mas, antes dessa pergunta, vem uma outra: "Por que é que o corpo deseja aprender?" Ele deseja aprender para se virar no mundo. Ele quer conhecer coisas que fazem o seu mundo e afetam a sua vida.(...)
Aí eu me perguntei: "Qual é o primeiro entorno da criança?" Preste atenção nessa palavra "entorno". Ela significa aquilo que está "em torno", o espaço que pode nos dar vida ou matar. O primeiro entorno da criança é a sua casa. Pensei então: "Não seria possível fazer um programa que tomasse a casa como seu objeto? Começar a conhecer o mundo a partir da casa! (...)
Amyr Klink "questionado por um repórter sobre a escola ideal para os seus filhos ele respondeu: "A escola que eu desejaria para os meus filhos é uma escola que há nas Ilhas Faroë, lugar onde viveram os vikings. Lá as crianças aprendem tudo o que devem aprender construindo uma casa..."
(...)
Rubem Alves in Folha de São Paulo, 25 de novembro de 2008.

Partindo da ideia exposta por Rubem Alves poderíamos ampliar dizendo que depois da casa o principal objeto de interesse é a rua, o bairro, a comunidade. Se o primeiro entorno do corpo é a casa, o primeiro entorno da casa é o bairro. É a vida social estabelecida pelo critério de vizinhança. É a vida partilhada com quem tem proximidade da sua própria casa. Daí a importância de considerar o bairro ou a comunidade como espaço de aprendizagem.