Portfólio da disciplina Educação Comunitária e para a Cidadania do módulo II - Educação Comunitária, Saúde e Cidadania na Escola do curso de especialização "Ética, Valores e Cidadania na Escola" da Universidade de São Paulo.

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Autor: Fernando de Padua Laurentino - Butantã II - Turma D

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

26- Uh-Batuk-Erê: Uma ação de comunidade



A educação tem, entre outros objetivos, ajudar o aluno a tomar consciência de sua identidade. Para tanto é fundamental o desenvolvimento e/ou melhoramento de sua autoestima. A arte tem papel fundamental neste processo na medida em que permite, através da produção artística, a manifestação de subjetividades: emoções, desejos, angústias etc. fundamentais na construção do sujeito.



— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.


Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
(Morte e Vida Severina - Introdução)

É também fundamental o professor e/ou educador valorizar a história pessoal do aluno.Tião Rocha -

"Na escola, nunca era ouvido. Certo dia, enquanto a professora contava uma história sobre reis e rainhas do "era uma vez", o garoto de sete anos levantou a mão e falou: "Professora, eu tenho uma tia que é rainha". E ouviu um "fique quieto, menino". Foi parar na diretoria.

Questionador, ele não entendia por que não estudava a trajetória de realezas como a de sua tia Etelvina, rainha do congado. "E quantas realezas não estão por aí?", pergunta o educador, enquanto olha pela janela as ruas de terra de Araçuaí.

Foi na busca por desvendar a história de sua dinastia que entrou no curso de história -virou professor.Dedicado, chegou a lecionar em um dos colégios da alta sociedade de Belo Horizonte.

Quando seguia o mesmo caminho dos mestres da infância, o aluno Álvaro Prates provocou o primeiro "clarão" depois que, inexplicavelmente, cometeu suicídio. Tião, que conversava com o rapaz horas a fio sobre revoluções e barricadas, não tinha idéia do motivo da morte do garoto de 13 anos.

É capaz que o menino tenha indicado os sinais (ou as "piscadelas"), mas o professor estava entretido demais em dar conta do conteúdo escolar. "Depois já não me interessava mais que os meninos soubessem tudo sobre a burguesia se eu não conhecesse a vida deles." E passou a ensinar e a aprender a partir da sapiência de Álvaros e Etelvinas."

http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/finalistas/2007-tiao.shtml

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